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terça-feira, 1 de abril de 2014

Poema de Augusto dos Anjos

IDEALIZAÇÃO DA HUMANIDADE FUTURA 

Rugia nos meus centros cerebrais 
A multidão dos séculos futuros 
— Homens que a herança de ímpetos impuros 
Tornara etnicamente irracionais! 

 Não sei que livro, em letras garrafais, 
Meus olhos liam! No húmus do monturos, 
Realizavam-se os partos mais obscuros, 
Dentre as genealogias animais! 

Como quem esmigalha protozoários 
Meti todos os dedos mercenários 
Na consciência daquela multidão... 

E, em vez de achar a luz que os Céus inflama, 
Somente achei moléculas de lama 
E a mosca alegre da putrefação! 

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