Léo Luz
E se o alvo do seu amor for, como o meu, uma pessoa magrinha, miúda, aí danou-se tudo: o seu amor não cabe todo nela e você se vê obrigado a gritar, espernear, escrever, desenhar, dançar, fazer o diabo que for preciso pra botar esse amor pra fora. E dane-se se vão reclamar, às favas com quem reclama da overdose do seu amor, pouco importa os que pensam que você expõe demais o que sente. Eles nunca sentiram um amor assim, que não cabe em você, que, às vezes, dá a impressão de que vai escorrer pela sua boca, rastejar até o canto da sala e tentar pular pela varanda, tamanha vontade que ele tem de se mostrar ao mundo.
Você senta no computador e dá vontade de escrever sobre o seu amor. Você mexe no celular e dá vontade de mandar mensagem. Você vê uma foto dela e já quer ligar só pra falar eu te amo. E deixa o celular por perto pro caso de eu querer ligar de novo pra falar que eu te amo. E, por mais que se tente, nada que se faça será suficiente. Bilhetes, cartas, textos, e-mails, mensagens de texto, músicas, desenhos, sinais, gritos, berros, choros, palavras, cafunés. Nada nunca será suficiente para dar vazão a tudo o que há dentro do peito.
Pobres dos que amam em silêncio. Coitados daqueles cujo amor é discreto, silencioso e contido. Felizes são os que amam de maneira espalhafatosa, brega, sem pudor, censura ou amarras. Infelizes os que nunca se envergonharam momentaneamente com uma exagerada e pública declaração de amor. O que as outras pessoas pensam pouco importa quando se trata de rasgar o peito e botar o amor pra fora, na rua, no shopping, no corredor da universidade ou no meio do trânsito. Se o amor é fogo, tanto melhor é levar a vela até a cortina e botar fogo em tudo. Talvez a fumaça alcance todo o mundo e, por fim, toda e qualquer criatura viva sob a face da Terra fique sabendo do amor que você sente. Mas é sempre bom ficar com o telefone por perto para um “eu te amo” de emergência.
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